Faroeste Caboclo lyrics

  2024-06-23 15:11:21

Faroeste Caboclo lyrics

Faroeste Caboclo

(I)

Não tinha medo o tal João de Santo Cristo

Era o que todos diziam quando ele se perdeu

Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda

Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu

(II)

Quando criança só pensava em ser bandido

Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu

Era o terror da sertania onde morava

E na escola até o professor com ele aprendeu

(III)

Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro

Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar

Sentia mesmo que era mesmo diferente

Sentia que aquilo ali não era o seu lugar

(IV)

Ele queria sair para ver o mar

E as coisas que ele via na televisão

Juntou dinheiro para poder viajar

De escolha própria, escolheu a solidão

(V)

Comia todas as menininhas da cidade

De tanto brincar de médico,

Aos doze era professor.

Aos quinze, foi mandado pro o reformatório

Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror.

(VI)

Não entendia como a vida funcionava

Discriminação por causa da sua classe e sua cor

Ficou cansado de tentar achar resposta

E comprou uma passagem, foi direto a Salvador.

(VII)

E lá chegando foi tomar um cafezinho

E encontrou um boiadeiro com quem foi falar

E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem

Mas João foi lhe salvar

(VIII)

Dizia ele: "Estou indo pra Brasília

Neste país lugar melhor não há

Tô precisando visitar a minha filha

Eu fico aqui e você vai no meu lugar"

(IX)

E João aceitou sua proposta

E num ônibus entrou no Planalto Central

Ele ficou bestificado com a cidade

Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal

(X)

"Meu Deus, mas que cidade linda,

No Ano-Novo eu começo a trabalhar"

Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro

Ganhava cem mil por mês em Taguatinga

(XI)

Na sexta-feira ia pra zona da cidade

Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador

E conhecia muita gente interessante

Até um neto bastardo do seu bisavô

(XII)

Um peruano que vivia na Bolívia

E muitas coisas trazia de lá

Seu nome era Pablo e ele dizia

Que um negócio ele ia começar

(XIII)

E o Santo Cristo até a morte trabalhava

Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar

E ouvia às sete horas o noticiário

Que sempre dizia que o seu ministro ia ajudar

(XIV)

Mas ele não queria mais conversa

E decidiu que, como Pablo, ele ia se virar

Elaborou mais uma vez seu plano santo

E sem ser crucificado, a plantação foi começar.

(XV)

Logo logo os maluco da cidade souberam da novidade:

"Tem bagulho bom ai!"

E João de Santo Cristo ficou rico

E acabou com todos os traficantes dali.

(XVI)

Fez amigos, frequentava a Asa Norte

E ia pra festa de rock, pra se libertar

Mas de repente

Sob uma má influência dos boyzinho da cidade

Começou a roubar.

(XVII)

Já no primeiro roubo ele dançou

E pro inferno ele foi pela primeira vez

Violência e estupro do seu corpo

"Vocês vão ver, eu vou pegar vocês"

(XVIII)

Agora o Santo Cristo era bandido

Destemido e temido no Distrito Federal

Não tinha nenhum medo de polícia

Capitão ou traficante, playboy ou general

(XIX)

Foi quando conheceu uma menina

E de todos os seus pecados ele se arrependeu

Maria Lúcia era uma menina linda

E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu

(XX)

Ele dizia que queria se casar

E carpinteiro ele voltou a ser

"Maria Lúcia pra sempre vou te amar

E um filho com você eu quero ter"

(XXI)

O tempo passa e um dia vem na porta

Um senhor de alta classe com dinheiro na mão

E ele faz uma proposta indecorosa

E diz que espera uma resposta, uma resposta do João

(XXII)

"Não boto bomba em banca de jornal

Nem em colégio de criança isso eu não faço não

E não protejo general de dez estrelas

Que fica atrás da mesa com o cu na mão

(XXIII)

E é melhor senhor sair da minha casa

Nunca brinque com um Peixes de ascendente Escorpião"

Mas antes de sair, com ódio no olhar, o velho disse:

(XXIV)

"Você perdeu sua vida, meu irmão"

"Você perdeu a sua vida meu irmão

Você perdeu a sua vida meu irmão

Essas palavras vão entrar no coração

Eu vou sofrer as consequências como um cão"

(XXV)

Não é que o Santo Cristo estava certo

Seu futuro era incerto e ele não foi trabalhar

Se embebedou e no meio da bebedeira

Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar

(XXVI)

Falou com Pablo que queria um parceiro

E também tinha dinheiro e queria se armar

Pablo trazia o contrabando da Bolívia

E Santo Cristo revendia em Planaltina

(XXVII)

Mas acontece que um tal de Jeremias,

Traficante de renome, apareceu por lá

Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo

E decidiu que, com João ele ia acabar

(XXVIII)

Mas Pablo trouxe uma Winchester-22

E Santo Cristo já sabia atirar

E decidiu usar a arma só depois

Que Jeremias começasse a brigar

(XXIX)

Jeremias, maconheiro sem-vergonha

Organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar

Desvirginava mocinhas inocentes

Se dizia que era crente mas não sabia rezar

(XXX)

E Santo Cristo há muito não ia pra casa

E a saudade começou a apertar

"Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia

Já tá em tempo de a gente se casar"

(XXXI)

Chegando em casa então ele chorou

E pro inferno ele foi pela segunda vez

Com Maria Lúcia Jeremias se casou

E um filho nela ele fez

(XXXII)

Santo Cristo era só ódio por dentro

E então o Jeremias pra um duelo ele chamou

Amanhã às duas horas na Ceilândia

Em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou

(XXXIII)

E você pode escolher as suas armas

Que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor

E mato também Maria Lúcia

Aquela menina falsa pra quem jurei o meu amor

(XXXIV)

E o Santo Cristo não sabia o que fazer

Quando viu o repórter da televisão

Que deu notícia do duelo na TV

Dizendo a hora e o local e a razão

(XXXV)

No sábado então, às duas horas,

Todo o povo sem demora foi lá só para assistir

Um homem que atirava pelas costas

E acertou o Santo Cristo, começou a sorrir

(XXXVI)

Sentindo o sangue na garganta,

João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir

E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e

A gente da TV que filmava tudo ali

(XXXVII)

E se lembrou de quando era uma criança

E de tudo o que vivera até ali

E decidiu entrar de vez naquela dança

"Se a via-crucis virou circo, estou aqui"

(XXXVIII)

E nisso o sol cegou seus olhos

E então Maria Lúcia ele reconheceu

Ela trazia a Winchester-22

A arma que seu primo Pablo lhe deu

(XXXIX)

"Jeremias, eu sou homem. coisa que você não é

E não atiro pelas costas não

Olha pra cá filha-da-puta, sem-vergonha

Dá uma olhada no meu sangue e vem sentir o teu perdão"

(XL)

E Santo Cristo com a Winchester-22

Deu cinco tiros no bandido traidor

Maria Lúcia se arrependeu depois

E morreu junto com João, seu protetor

(XLI)

E o povo declarava que João de Santo Cristo

Era santo porque sabia morrer

E a alta burguesia da cidade

Não acreditou na história que eles viram na TV

(XLII)

E João não conseguiu o que queria

Quando veio pra Brasília, com o diabo ter

Ele queria era falar pro presidente

Pra ajudar toda essa gente que só faz...

Sofrer...

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