Ilha de Santiago [Portuguese translation]

Songs   2024-11-26 08:28:50

Ilha de Santiago [Portuguese translation]

A ilha de Santiago

Tem um espartilho de algodão

Uma saia de chita com corda na cintura

E um par de brincos de ouro redondos como um pião

Na ilha de Santiago

Tem Nho Mano Mendi 1, tem Kaká2,

Nha Nácia Gómi3 e Zezé4,

Nhu Raúl5 de lá do fundo de Ribeira da Barca

Na ilha de Santiago

Tem Caetaninho6, tem Codé7,

Nhu Arique e Ano Novo8,

Nha Bibinha9 lá do fundo de Corral de Baixo

Na ilha de Santiago

Tem Séma Lópi10, tem Catchás11,

Djirga12, Bilocas13, Ney

e Ntóni Dente d'Oro14 lá do fundo de São Domingos

1. Pedro Mendes Robalo, vulgo Nho Manu Mendi, natural de Chaminé, São Domingos, era conhecido no meio cultural cabo-verdiano como um dos sobreviventes da arte de produção e de execução da ‘Cimboa”, instrumento musical do interior da ilha de Santiago, tradicionalmente utilizado para acompanhar as danças de batuque e que luta hoje pra sobreviver no atual contexto musical de Cabo Verde. Nho Manu Mendi morreu em 2008 aos 81 anos, altura em que procurava ensinar outros tudo o que sabia sobre a cimbôa para manter viva parte de sua tradição.2. Kaká Barboza é natural da Ilha de São Vicente, mas viveu toda a sua infância e juventude em Santa Catarina, Vila de Assomada, uma região do coração de Santiago que influenciou e marcou a sua personalidade artística. É poeta, contista, músico, intérprete e compositor de temas marcantes, muitos deles gravados nas rádios e em disco. Tem cinco obras publicadas, sendo três escritas em crioulo.3. Maria Inácia Gomes Correia (1924-2011), Nha Nácia Gomi, foi uma das maiores referências culturais de Cabo Verde, considerada por muitos a rainha do gênero "finaçon". Uma biblioteca da sabedoria popular, faleceu em 2011 aos 86 anos de idade, depois de uma vida dedicada ao finaçon e ao batuque. Cantava de improviso, narrava crónicas, ensinava história, apresentava filosofias, recitava poesia, tudo a uma só voz de analfabeta letrada. Representou Cabo Verde em vários países e eventos do Mundo, entre eles a Expo Sevilha 92, Lisboa 98, e na Smithsonian Institute. Com três discos gravados e várias participações, vivia em Santa Cruz, com as suas filhas, netos e bisnetos.4. Natural do bairro Craveiro Lopes, cidade da Praia, José Bernardo Fernandes Dias (1952-), ou Zezé di nha Reinalda, é dotado de uma inquietação artística e de um sentido estético-musical que foram determinantes para que o seu nome ficasse para sempre registado na história da música de Cabo Verde. Compõe desde os 20 anos e é autor de vasta obra, as quais recriam o mundo ilhéu. Já fazia parte do Opus 7, em meados dos anos 70, quando seu irmão Zeca di nha Reinalda entrou no grupo. Algum tempo depois, ambos são convidados, tal como outros elementos do grupo, a formar o Bulimundo, no qual Zezé permanece apenas nos primeiros tempos, não chegando a gravar. Junto com seu irmão, foi o primeiro cabo-verdiano a actuar na sala de espectáculo Olympia de Paris com o espectáculo de Finaçon, que chamou a atenção da imprensa francesa para a qualidade da música cabo-verdiana.5. Raul de Pina, ou Nhu Raúl, foi intérprete, compositor e um dos mais conceituados violinistas de Cabo Verde. Influenciou várias gerações de músicos cabo-verdianos e ajudou a popularizar a "rabeka" em Cabo Verde. Veio a falecer em março de 2005 aos 102 anos de idade.6. Nascido em 1922, Caetaninho (1922-1987) foi um dos representantes do funaná tradicional de sua época que chegaram ao disco. Autodidata, foi também um dos responsáveis por fazer alterações no acordeão diatônico, instrumento associado ao funaná e por vezes identificado como melodeon, para mudar a afinação das gaitas, em particulart mexendo nas notas mais graves. Na década de 80 gravou o disco "Caitaninho e esposa", cuja edição só se deu em 2000. Morreu em 1987, aos 65 anos.7. Codé di Dona, de seu verdadeiro nome Gregório Vaz, foi um músico e compositor cabo-verdiano, considerado uma das figuras incontornáveis do funaná, género musical outrora confinado à ilha de Santiago e hoje com ressonância universal. Nasceu no concelho de São Domingos e viveu sempre na localidade de São Francisco. Era também exímio tocador do acordeão (ou gaita), a concertina, um dos instrumentos paradigmáticos do funaná, a par do ferrinho. Nessa qualidade de instrumentista, gravou dois álbuns. Profissionalmente sempre ligado à agricultura e ao pastoreio, reformado como guarda-florestal, Codé di Dona compôs temas clássicos do repertório nacional cabo-verdiano, como "Febri Funaná", "Fomi 47", "Praia Maria", "Yota Barela", "Rufon Baré" e "Pomba".8. Fulgêncio Lopes Tavares (1933-2004) nasceu no dia 1 de Janeiro de 1933 e por isso ficou conhecido como "Ano Nobo". Foi poeta, músico e dramaturgo autoditacta, considerado um dos maiores nomes da cultura de Cabo Verde. Natural de São Domingos e descendente de uma familia de músicos, aprendeu os primeiros acordes de violão com a mãe e seguiu a tradição musical da familia aprendendo com os mestres António Preto, Ismael e Domingos de Nha Cumazinha. Foi o autor (composição e letra) de mais de 500 mornas, coladeiras e também funanás, batuques e valsas e tocava vários intrumentos como o violão, bandolim, cavaquinho, gaita de boca, violino, piano e cimbôa. compôs ainda música litúrgica. Foi também autor de algumas peças de teatro. Em 1991, Ano Nobo foi condecorado pelo Presidente da Républica com a Medalha do Vulcão, pelo seu valor artistico. Morreu aos 71 anos, deixando Cabo Verde orfão de um dos seus mais prodigiosos artistas.9. Maria Mendes Cabral (1900-1985), Nha Bibinha, nasceu em 1900, no final do século XIX em Trás-os-Montes, pequena localidade situada a poucos quilómetros da cidade de Mangui, considerado o "berço de Tarrafal". Não tendo frequentado a escola, já entre os dez e quatorze anos começou a mostrar sua vocação pelo batuku e o finaçon, tornando-se uma estudante bem aplicada nestas artes tradicionais. Através das suas letras nha Bibinha cantava música que reflectia um pouco o aspecto social do seu pequeno ambiente. Passou 37 anos afastada da música porque seu marido proibiu-a de cantar e dançar o batuque na presença de sua mãe. Retomou sua actividade já mais idosa, ganhando popularidade e reverência e a alcunha de "diva" da terra. Com uma profunda consciência e conhecimento do aspecto social da sociedade cabo-verdiana, foi de notável valor à música popular tradicional, especialmente na Ilha de Santiago onde o seu nome é hoje lendário com alguns grupos de batuque ostentando orgulhosamente o seu nome.10. Nascido em 1941, Simão Tavares Lopes, carinhosamente chamado por Sema Lopi, era um agricultor de 72 anos que se tornou num exímio tocador de gaita e compositor do funaná. O seu repertório integra alguns temas emblemáticos, entre os quais "Corpo e di Tchon e alma di Cristo" e "Sema Lopi tem quatro fidjo fema".11. Carlos Alberto Silva Martins, conhecido com o nome de Katchás, nasceu em 8 de agosto de 1952 em Renque Purga, perto de Pedra Badejo, um vilarejo de pescadores na ilha de Santiago. Naqueles anos, Cabo Verde, como outras colônias africanas, estava em plena guerra da libertação. Até 1975 o funaná era relegado à clandestinidade pelo regime colonial e executado simplesmente com a gaita e o ferrinho, uma barra metálica ondulada, raspada com uma faca. Katchás, na intenção de levar o funaná para fora do ambiente rural para que fosse conhecido também nas cidades, introduz instrumentos eletrônicos e amplificadores e em 1978 dá vida ao grupo musical Bulimundo. Como o próprio Carlos Alberto Martins recordou muitas vezes, o funaná em 1980 não era ainda considerado música. O grupo Bulimundo, do qual era o líder, em poucos anos passaria a ser conhecido primeiro em Praia e depois em todo o arquipélago. Katchás é unanimemente considerado o músico que realizou a maior revolução no campo musical em Cabo Verde, fazendo do funaná, juntamente com a morna e a coladera, um dos gêneros mais importantes da música caboverdiana. Morreu aos 26 anos, em consequência de um acidente automobilístico.12. De seu nome de baptismo Gregório Xavier Pinto(1936-), Djirga nasceu em Chã-de-Areia, em 1936. Criador artístico multifacetado, com conhecimento de teoria musical, Djirga não ficou somente por mornas e coladeiras, músicas da época, por excelência. Compôs, igualmente, samba e marcha do tipo brasileiro, funaná, canções ao estilo português, hinos religiosos e concorreu com letra e música ao concurso lançado em 1992, para a substituição do então hino nacional.13. Abílio Sereno Barbosa Évora (1983-1988), artisticamente conhecido como Biloca, foi um compositor de obra pouco extensa mas com temas marcantes, que ficaram no memória do público, embora muitas vezes gravados sem a indicação da autoria ou em nome do outros. A popularidade das suas koladeras alegres deve-se em parte às gravações da cantora Nanda, que no seu único single, no início dos anos 70, incluiu Maninha Nha Carlota e Bô dam canja, esta última em dueto com o próprio compositor, naquele que é o seu único registo editado, e que é incluído, entre outros artistas, em Musica de Cabo Verde nº 1, LP editado pela Valentim de Carvalho na mesma altura. Apontado como excelente tocador de guitarra portuguesa, instrumento de que gostava particularmente, participou do grupo Bonjardim, fundado por Ano Nobo em S. Domingos.14. António Vaz Cabral (1926-), mas conhecido por Ntoni Denti D´oro, nasceu em 1926, no concelho de São Domingos e iniciou com 10 anos de idade começou a dedicar-se ao batuku e ao finaçon, tendo como mestre Miranda Tavares. Ao logo da sua vida nunca abandonou esta expressão musical e cultura peculiar da Iha de Santiago, tanto que hoje está entre os poucos a dominar os segredos desta arte e são muitos os jovens que recorrem a ele e se enriquecem, na tentativa de evitar o desaparecimento do batuku. Proveniente de uma família pobre de lavradores, desde criança foi muito ligado ao seu país e à sua cultura, o que faz dele hoje um personagem de muito destaque no ambiente cultural, especialmente em tudo que se refere ao batuku, uma das expressões musicais mais antigas de Cabo Verde. Durante vários, anos percorreu toda a ilha de Santiago, assim como outras ilhas de Cabo Verde, animando as festas populares, os batizados, noivados e casamentos. Em 1973, tentou a sorte no exterior, mas a 25 de Abril de 1974, decide retornar a Cabo Verde para esperar pela independência do Cabo verde, que viria a acontecer a 05 de Julho de 1975. Após o lançamento de seu primeiro disco em 1998, Ntoni Denti d´oro retornou à Europa e Viajou também para os Estados Unidos para promover o seu trabalho.

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  • country:Cape Verde
  • Languages:Cape Verdean, Portuguese, French, English
  • Genre:
  • Official site:http://www.mayra-andrade.com
  • Wiki:http://pt.wikipedia.org/wiki/Mayra_Andrade
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